domingo, 21 de outubro de 2012

Mona Lisa

    Essa é uma imagem de um sorriso verdadeiro da Dorita. Digo verdadeiro por que corresponde à experiência que tivemos com ela neste fim de semana. O estado de espírito dela era bom. Por razões que ainda não conseguimos compreender, nem sempre é assim. Por exemplo, na quinta e sexta ela estava totalmente ausente, pouco comunicativa e desinteressada do ambiente ao redor. A consequência disso é que em momentos assim a comida tem que ser dada na boca, ela não diz se está bom ou se quer mais, passa o dia todo com os olhos fechados e reclama de qualquer tentativa de interação. Sem falar na dificuldade de avisar quando quer ir ao banheiro. Isso nos deixa preocupados, pensando se não há algum problema clínico. Aí, de repente, ela "volta".
     Mas, vamos em frente. Na sexta levei-a ao otorrino que fez uma limpeza cuidadosa dos dois ouvidos dela. Depois disso parece que a audição dela melhorou, mas preciso observar melhor. Há uma possibilidade ainda de trocarmos o aparelho dela, mas talvez isso possa esperar. Esses aparelhos não são baratos. As tentativas de conseguir um aparelho através de programas do governo ainda não funcionaram. 
     Outra boa notícia é que na semana passada fiz um contato com a secretária de saúde de Ourinhos e ela disse que vai me ajudar a conseguir que a Dorita faça a cirurgia de retirada do pino de graça e vai colocá-la numa fila para conseguir a prótese que ela precisará depois, também de graça. 
    Bem, por enquanto é isso. Acrescento a essa postagem uma foto que copiei do Facebook do Ricardo, onde a Dorita aparece discretamente, num canto. Um grande abraço a todos. 




sábado, 13 de outubro de 2012

Obras em andamento


     Bem, como vocês podem ver, começam a aparecer os resultados das obras aqui em casa.Ainda não dá pra tomar banho, mas já dá pra sonhar com uma cervejinha na beira da piscina. Ao fundo está a rampa que dá acesso ao quarto da Dorita. A janelinha no alto é do banheiro dela, de onde tirei a foto que aparece na postagem de 09/09 (Obras). Assim, vamos caminhando para a conclusão da parte física do nosso empreendimento.
     Paralelamente às obras outros progressos vão acontecendo. Na semana passada Dorita foi vista por uma fonoaudióloga que disse que o aparelho auditivo está funcionando, apesar de ser um modelo antigo. Mas, disse que o ouvido dela está com muita cera e precisa ser feita uma limpeza para que o aparelho possa funcionar bem. Sugeriu que se possa pensar numa troca do aparelho por um modelo mais novo, mas isso vai ter que esperar. Antes, vou marcar uma consulta com um otorrino para fazer a limpeza. 
     Quanto à cirurgia conversei com o ortopedista e ele disse que pode operá-la na Santa Casa daqui, o que seria feito pelo SUS, sem custo nenhum. Para isso preciso conseguir uma autorização de internação através do Serviço Social da Santa Casa. Ainda estou tentando entrar em contato com a pessoa responsável. A ideia de operá-la num hospital público vem do receio de que possam ocorrer complicações e ela precise ficar internada por mais tempo do que o previsto. Isso tornaria os custos do tratamento muito altos para nós. 
     Outros serviços de engenharia vão sendo realizados. Na noite de segunda fiquei sentado ao lado dela na cama esperando que ela decidisse se deitar. Ela tem medo de cair e freqüentemente grita ("Me segura, me segura..."), mesmo depois de já estar acomodada. Quando ela se acalma eu me despeço dela com um beijo, ao qual ela sempre responde: "Muito obrigado, Guilherme." Mas, essa semana foi diferente. Depois de ter ficado ali ao lado dela esperando durante cerca de meia hora ela disse: "Agora você pode me deitar." Foi a primeira vez que ela me pediu que fizesse isso. Dorita nunca pede nada. Eu então, apoiando a cabeça e levantando as penas dela, deitei-a na cama. Dessa vez ela não deu nenhum grito e quando eu fui me despedir dela percebi que ela já dormia. 
     Por outro lado, ás vezes ocorrem situações difíceis. Ontem, depois de ter evacuado na fralda (ela nem sempre pede para ir ao banheiro), quando a Ana foi limpá-la ela escorregou pra dentro da cadeira de banho e nós não conseguíamos levantá-la. Foi preciso tirá-la de lá puxando a cadeira por cima dela.
     Então temos vivido os altos e baixos dessa situação da melhor maneira que podemos. São coisas como essa que me fazem pensar na importância de poder ajudá-la a viver esse momento. Faz parte dessa ajuda a proposta que fiz a vocês de escreverem algo para que eu possa mostrar a ela. Muitos já mandaram suas contribuições por email, minha mãe mandou uma carta com uma foto dela criança, mas eu queria, se for possível, que todos os que estão acompanhando essa história possam contribuir.
     Tendo em mãos todas as manifestações que chegarem eu pretendo reuni-las e dar de presente a ela. Algo como um agradecimento por tudo que ela fez por nós e que nunca poderá verdadeiramente ser retribuído. 
     Um grande abraço,
                                    Guilherme, Ana, Victor e Tomás.