Hoje está fazendo um ano que este blog começou a ser escrito. E amanhã faz um ano que temos a Dorita conosco. Tempo de fazer um balanço. Muitas coisas aconteceram nesse período, boas e ruins. Do lado das coisas boas principalmente, a própria possibilidade de oferecer a ela este acolhimento que, ainda que insuficiente, se baseia no sentimento de gratidão e na ideia da retribuição. Ainda do lado bom o aprendizado que o convívio com ela nos oferece a respeito de questões fundamentais da vida como a humildade.
Do lado mais difícil a frustração e a surpresa com a Dorita que encontramos, muito diferente daquela com quem aprendi a conviver desde criança. No início as noites em claro, os gritos de madrugada, as queixas constantes de dor. Tudo isso ocorrendo junto com as obras que foram feitas para poder recebê-la. Foram vários meses de uma difícil adaptação (dela e nossa) à nova realidade que, de uma certa maneira, ainda não se completou (nem sei se se completará).
Houve ainda os sustos, a queda na cadeira de banho (duas vezes), a fratura da costela, a internação por desidratação, a avaliação do ortopedista e do geriatra de que não valeria a pena corrigir a cirurgia do fêmur e com isso a constatação de que ela não voltará a andar, sem contar as dificuldades (ainda não resolvidas) com as pessoas que estão nos ajudando a cuidar dela. Enfim, foi algo que nós nos propusemos a fazer e estamos tentando dar conta da melhor maneira possível.
Muito lentamente as coisas vão se aproximando de um novo equilíbrio, sempre instável. Dorita agora dorme a noite toda e vamos percebendo que ela tem um ritmo próprio, que alterna dias melhores (mais alegre, comunicativa) com outros piores (dormindo o tempo todo, sem cooperar com nada). Essa é a Dorita de hoje, não a de ontem. Mas, essa talvez seja mais uma das coisas que estamos tendo que aprender nesse momento: a conviver com a instabilidade. Que afinal, é de todos nós.
Pra finalizar queria dizer que apesar deste blog ter se tornado menos regular ainda servirá para dar e receber notícias, sempre que necessário. Queria agradecer a todos pela contribuição financeira que eu sei que nem sempre é fácil, mas que tem sido fundamental. Agradeço especialmente à Kátia e Joaninha que se dispuseram a contribuir também nessa parte. Elas também fazem parte dessa família estendida que a Dorita construiu na sua vida.
Um grande abraço a todos!
